"Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Sentir? Sinta quem lê!", Fernando Pessoa


domingo, 9 de maio de 2010

“Sou água que corre descontrolada e sem destino certo e que, por vezes, pensa poder mudar o curso do rio.”, Margarida Rebelo Pinto
Somos insignificantes. Somos como um grão de areia.
As ondas vão e vêm. Levam as minhas memórias, trazem-me um sentimento de vazio.
Queria ser como esta água, que já esteve no cimo da montanha, já tocou o céu, já foi rio e glaciar e agora é mar e percorre o mundo.
Queria ser livre assim, estar aqui hoje e amanhã ter outra forma. Queria ser como a água, que sendo transparente, é mais notada do que eu. Queria ser como esta água, que embora não tendo rumo certo, se move com mais confiança do eu.
Porque se esta água, que é apenas água, pode ser tanto, porque é que eu não consigo acreditar que um dia serei muito mais?

sábado, 8 de maio de 2010

"Qual papel será o meu?O de quem nada faz?", Embora doa, Klepht
Dói-me o nada.
Dói-me tudo.

Dói-me o que não existe
Doem-me os dias vazios de ti.

Doem-me as tuas ausências
A falta de me encontrar nas tuas palavras.

Dói-me sobretudo a não-coragem
E as perdas que ela me traz.

Doem-me as palavras ditas
E muitas que foram desditas
Os gestos que se hesitaram.

Dói-me não ser capaz de acreditar
Mas, ainda assim, não duvidar comletamente.

Magoa-me a saudade
E também a proximidade, que nunca é suficiente.

Dói-me tudo o que não vivo,
A vida que passa por mim.
Ou eu é que passo por ela?