"Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Sentir? Sinta quem lê!", Fernando Pessoa


domingo, 12 de dezembro de 2010

“O mundo é um espaço imenso, mas não vislumbras o espaço que te está reservado (…). Procuras uma voz, e o que é que encontras? O mais profundo silêncio.”, “Kafka à beira-mar”, Haruki Murakami
Solidão é não saber.
Não saber o que fazer com as horas vazias, com os dias sem fim, com os sonhos desfeitos.
É não se encontrar, estar perdida sem saber de onde se veio, para onde se vai.
É não ouvir senão o silêncio, quando tudo o que precisamos é de uma voz amiga.
É estar sozinha no meio da multidão.
É ser olhada sem ser realmente vista.
Ser ouvida mas não ser compreendida.
É não ter rosto no meio da multidão,
É sentir-se apenas mais uma, mas ser-se diferente do resto do mundo.
É não se dar pela sua presença, mas sentir-se sempre deslocada.
É deambular por aí, esperando que alguém lhe roube essa solidão.

sábado, 4 de dezembro de 2010

“A carne é triste quando não animada pelo espírito”, “Manon Dançando”, A. Saint-Exupéry
Também me dói. A mim, sim a mim dói-me também. Sou mais do que um corpo. Também fico triste. E choro. E anseio por uma palavra amiga. De um abraço apertado. De um carinho numa hora de tristeza. De um sorriso que seja só para mim.Também sinto falta de mais, de alguém sempre lá indicionalmente, que se preocupe sempre, mesmo quando me torno insuportável e perco a razão.
Saber que estarás aí, mesmo estando tão distante, mesmo eu fingindo que não me importo, saber que estarás aí, se um dia eu precisar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

“Aí está uma palavra que soa bem, dizes metamorfose e segues adiante, parece que não vês que as palavras são apenas rótulos que se pegam às cousas, não são as cousas”, José Saramago, “As Intermitências da Morte”
Poderia dizer muito, queria, precisava, dizer tanta coisa ainda, mas agora todas as palavras me parecem irrelevantes, tudo se resume ao significado das acções.
As palavras parecem atropelar-se tal a sua fúria para sair, mas a lógica falha no momento de construir uma frase. Os verbos não são suficientes para descrever o turbilhão em que estou imersa, os nomes deixaram de ter significado, e como poderia usar adjectivos para caracterizar algo que já não sei o que é?
Nem dicionários, nem gramáticas, nada me valerá, talvez a salvação venha (apenas!) com o tempo e com toda a clareza que o acompanha (quase) sempre.

sábado, 6 de novembro de 2010

Fazes-me mal.
Fizeste-me tão bem, e tento desesperadamente acreditar que isso não foi apenas um efeito secundário da tua necessidade constante de teres alguém por perto que te faça sentir bem (e também desesperadamente tento acreditar que te fiz sentir bem).
escrevi o teu nome no vento
pintei o teu rosto na chuva
desenhei os teus contornos com o brilho das estrelas
imaginei-te acima dos quatro elementos
murmuras-te o meu nome por entre os sons da brisa
inventas-te para mim (pensava eu) palavras novas ao som de ternas melodias
tocaste-me com uma leveza que eu desconhecia
emprestei-te o meu coração, não mo devolveste
o que faço agora, se o meu coração ficou em ti?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

-"Quem fala assim não é gago."
- Antes fosse...!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

“Ainda penso em ti: pensa em mim… mas só mais uma vez.”, Tiago BettencoutDetesto rir sem vontade.
Detesto quando quero mostrar que me magoaste, mas não consigo.
Fazes-me rir, mesmo quando já decidi esquecer.
Fazes-me rir mesmo depois de algumas lágrimas já terem escorrido.
E quero, mas sei que não posso. E lamento, mas apenas não consigo. Porque todos os ciclos acabam um dia, este não será excepção. Por mais que saudade insista em lembrar-te.

domingo, 17 de outubro de 2010

Ias e voltavas e eu aqui.
Ias e voltavas e eu esperava-te sempre.
Foste e agora voltas, mas já não estou. A espera cansou.
Voltas e a casa está deserta.
Agora?
Agora é preciso mais do que as palavras certas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"É tão fácil gostar de quem te faz sorrir como difícil é esquecer de quem te faz chorar."
Hoje quero só fugir de mim. Não ser, não pensar, não desejar. Não sentir.
Ser livre de mim.
Por um momento, apenas, não ter todas estas dúvidas, todas as inquietações que me assombram constantemente.
Queria ser livre de mim, das convenções, dos sentimentos, das memórias, das saudades que teimam em invadir-me quando julgava haver só indiferença.
Ser livre de ti, do passado que não foi, do presente que não me deixa ser mais. Dos arrependimentos pelo que não fiz ou não disse. Ser livre das lágrimas, dos momentos de tristeza. Ser livre da dor que me assalta sem aviso a cada anoitecer.

domingo, 22 de agosto de 2010

Ilusão

“Talvez por não saber falar de cor, imaginei…”, Fácil de entender, The Gift
Naquele tempo eu não sabia dizer
Naquele tempo tu não sabias sentir.
Criámos uma ilusão em cada um,
Achando-nos especiais sem nos conhecermos.
Não te soube ver,
Mas nem tu sabias quem eras.
Não soube dizer o quanto queria
E perdi-me numa ilusão.
Magoámo-nos por um sonho que afinal não era o nosso.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Silêncio

“You can hurt with your words, but you can also hurt with your silence”
Pode ser o bater do coração.
Pode ser sinal de desprezo ou de indiferença
Pode ser medo ou vergonha de um sentimento desconhecido.
Sinónimo de timidez
afasta quem mais queremos por perto
Atrai com os seus mistérios
apenas quem consegue ver além do comum.
Oferece consolo quando as palavras não bastam
mas no fim acaba sempre por nos afastar.

O meu foi o bater do coração
Agora o medo calou-me (de vez) todas as palavras
Reflexo, talvez, da indiferença que causo.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


“Todos podem ver quem pareço, poucos consguem sentir quem sou.”
Detesto esta situação, a forma como me sinto…
Tudo o que não disse… tudo em que não já consigo acreditar…
Como me sinto culpada…
Talvez me culpe demais, de certeza que penso demais…
Todos os “se’s” que me assombram…
Se eu me fizesse entender…
Se eu pudesse ter a certeza de que foi real…

«Morreste-me»



“How to save a life?”, The Fray

Por vezes as pessoas morrem-nos.
Morrem para nós por não serem aquilo que aparentavam ser. Ou aquilo que precisávamos que fossem. Morrem. Nós insistimos, em vão, em ressuscitá-las. Precisamos de acreditar nessa ilusão, precisamos do suposto em alguém para nos mantermos vivos. Inventamos desculpas e fingimos não ver o óbvio.
Porque pior do que a dor de perder alguém é admitir que nos enganámos e que, em algum momento, também nós falhámos.

sábado, 7 de agosto de 2010


Corro para a outra margem de mim.
Fujo de mim, ou do que fui outrora. Agora não sou nada. Levaram-me os sonhos. Ficou agora apenas um corpo. Não tenho metas, não tenho sonhos. Vou para onde o vento me leva e espero apenas que lá tudo deixe de doer.
Deste lado deixo a fé.
Comigo levo só o medo que me deixaste.
Medo de acreditar.

domingo, 18 de julho de 2010

«Sentido da Vida»

«Uma vez quando era pequena fui para a cama sem me despedir do meu pai. Ele veio ter comigo e disse-me: ”Não sabemos se nos veremos amanhã”.»
Se tens oportunidade de dizer alguém o que sentes, agarra-a. Se podes dar a alguém a oportunidade de se despedir, não lho negues.
Porque se amanhã não nos virmos que recordação queres que leve de ti?
Todos os dias deixo coisas por dizer, todos os dias me arrependo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Hoje não!

“a poet needs the pain...”, In These Arms, Bon Jovi
Talvez amanhã…
Talvez amanhã eu esqueça…
Hoje não
Hoje quero só recordar.
Talvez amanhã
As lágrimas cessem
Hoje não.
Hoje quero só sorrir ao imaginar como seria…
Talvez amanhã
O sol volte a brilhar
Hoje não
Hoje quero só que a escuridão me envolva para poder sonhar.
Talvez amanha
Eu seja capaz de voltar a ver o mundo
Hoje não
Hoje quero só ver o meu mundo.
Talvez amanhã
Eu seja capaz de ver que foi melhor assim
Hoje não
Hoje quero só lamentar-me pelo que poderia ter sido.
Talvez amanhã
Tudo mude
Hoje não tenho qualquer esperança.

[26/Fevereiro/2009]

domingo, 20 de junho de 2010

Viver

Viver é…
Sentir o calor do sol num dia de inverno,
Sentir o vento frio a bater na cara
É andar à chuva, olhar as estrelas, a lua e o mar.
Viver é…
Sorrir ao fazer alguém sorrir,
É não ter medo de chorar por alguém,
É olhar olhos nos olhos.
Viver é ser feliz ao fazer alguém feliz.
Viver é…
Sentir o coração bater por alguém
E saber o coração de alguém bate por nós.
Viver é…
Partilhar emoções, sentimentos, recordações, alegrias, tristezas, momentos bons e maus.
Viver é…
Sonhar, lutar.

Viver é acreditar que o amanhã será melhor

Então porque apenas sobrevivemos?

[5/Dezembro/2008]

quinta-feira, 10 de junho de 2010


«What about now?»

Now I’m lost in the words I could never find, in the feelings you never really felt.

quarta-feira, 2 de junho de 2010


O que não existe também tem fim, o que não aconteceu também deixa saudade, o que ficou por dizer também magoa.


domingo, 9 de maio de 2010

“Sou água que corre descontrolada e sem destino certo e que, por vezes, pensa poder mudar o curso do rio.”, Margarida Rebelo Pinto
Somos insignificantes. Somos como um grão de areia.
As ondas vão e vêm. Levam as minhas memórias, trazem-me um sentimento de vazio.
Queria ser como esta água, que já esteve no cimo da montanha, já tocou o céu, já foi rio e glaciar e agora é mar e percorre o mundo.
Queria ser livre assim, estar aqui hoje e amanhã ter outra forma. Queria ser como a água, que sendo transparente, é mais notada do que eu. Queria ser como esta água, que embora não tendo rumo certo, se move com mais confiança do eu.
Porque se esta água, que é apenas água, pode ser tanto, porque é que eu não consigo acreditar que um dia serei muito mais?

sábado, 8 de maio de 2010

"Qual papel será o meu?O de quem nada faz?", Embora doa, Klepht
Dói-me o nada.
Dói-me tudo.

Dói-me o que não existe
Doem-me os dias vazios de ti.

Doem-me as tuas ausências
A falta de me encontrar nas tuas palavras.

Dói-me sobretudo a não-coragem
E as perdas que ela me traz.

Doem-me as palavras ditas
E muitas que foram desditas
Os gestos que se hesitaram.

Dói-me não ser capaz de acreditar
Mas, ainda assim, não duvidar comletamente.

Magoa-me a saudade
E também a proximidade, que nunca é suficiente.

Dói-me tudo o que não vivo,
A vida que passa por mim.
Ou eu é que passo por ela?